Tchaikovski
Sinfonia
nº 6 em Si Menor, Op.74 - “Patética”
a
agonia é a surpresa dos caminhos
imperfeitos.
por que rumos, por que
rotas
vão os meus passos ambulantes?
as
árvores – a terra da alegria,
ó
rui belo! – há muito que lhes apodreceram os frutos,
e
a seiva resguarda-se ou esconde-
-se
na margem dos troncos, no aumento
da
sede substantiva.
aparta-se
o meu corpo fruto, aperta o meu corpo árvore.
decúbito
regresso à primeira água.
acordam
os faunos, despertam os sátiros,
bebem
a água dos deuses e das ninfas;
envenenam
o chão, abraçam-se na
lascívia
do trovão cantando coros
impossíveis.
despedaçam-se ramos
desfazem-se
as copas e uma tropa
pândega
delicia-se com os seus filhos.
há
luz que já não parece luz e
a
escuridão é o refúgio do
sopro
ferido. as flores iluminam-se
retendo
réstias, linhas de sorriso.
a
cidade brinca na água os olhos
dos
habitantes. uma felicidade
rústica
corre pelas avenidas
dos
amantes sem hora, na bebedeira
límpida,
rezando promessas que
se
perdem na tempestade. a bondade
adolescente
prende-se ao sol da tarde
e
sobre a sombra dos navios, ao longe,
o
eco descansa a voz no horizonte de bruma.
um
baile de folhas vem com o vento. os
frutos
maduros cheiram a todas as árvores
e
um céu de cores explode iluminando
os
caminhos apostólicamente.
a
boa-nova voa com os cavalos com asas
rasando
os cumes e as copas.
o
peito tem a largura da alegria
e
os dedos caem com o peso da esperança.
inquilinos,
os fantasmas descobrem os lábios.
bocas
de fogo têm línguas que bebem
o
tronco, a mátria da seiva
a
radícula genealógica do pomo,
e
morta, a árvore deixa no chão, submersa,
uma
ferida com pequenos caules frágeis
que
resistem aos passos na carícia dos vermes.
josé
félix in a casa submersa