domingo, novembro 20, 2011

a ponte também, dizem-me, é mulher.

a arte da poesia na tarde à beira-tejo



um navio. nas mãos, crisântemos e luzes.
a gaivota, um farol envelhecido
pelo sal, um sorriso de água.

a sama dos pinheiros brinca nos olhos,
nos passos. a maré fala junto às pedras.
os pombos equilibram-se na cúpula do atlântico.

as palavras deslizam submersas
na tinta descritiva da memória.
carícia leve num quadro de turner

a prenunciar o crepúsculo.
na ponte fluvial o andar traça caminhos
nas linhas temporais de klee

quando acompanho a morte, sempre próxima,
mesmo que esteja longe do naufrágio e,
do grito, só se ouça o eco do luto.

só, um corvo marinho desenha
a sua sombra sob as águas.
e do sol resta o brilho dos crisântemos.

a ponte também, dizem-me, é mulher.

josé félix


3 comentários:

  1. Parabéns!
    E se a ponte também é mulher,
    que seja União, igualmente feminina:
    entre uma ponta e outra da vida.
    Que se perpetua...Eternamente,
    Abraços,
    Eliana Crivellari _BH-MG

    ResponderExcluir
  2. Sua poesia é oásis , em nossos dias de turbulências , acalanto para as horas baldias.
    O Tejo é um rio que tb. corre , nas veias de minhas memórias de alegrias. De Portugal, guardo imensas ternuras.
    Salve, Salve Poeta!
    Abraços e admiração de Valentina

    ResponderExcluir
  3. Eliana e Valentina

    Grato pelos comentários.

    José Félix

    ResponderExcluir