sábado, novembro 12, 2011

uma palavra de água sai da fonte e, suave, até que olhar o lábio cante,


à sombra dos salgueiros


1

moldei a água nas mãos e o olhar se-

-a como do espelho se fixasse

a virtude na transparência breve.



2

na calidez da luminosidade

a flor da água abriu o rosto que há de

beber a luz, sensual, cativa, grave.



3

a água do espelho cristaliza o sol

na corola de pólen, fulva, igual,

onde o beijo da abelha a vulva crava.



4


uma palavra de água sai da fonte

e, suave, até que olhar o lábio cante,

o rosto reflectido ou outro grava.



5

cantam as águas férteis sobre as pedras

íntimas, vivas, sábias em toadas

de luz e sol, à sombra dos salgueiros.


José  Félix

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