à sombra dos salgueiros
1
moldei a água nas mãos e o olhar se-
-a como do espelho se fixasse
a virtude na transparência breve.
2
na calidez da luminosidade
a flor da água abriu o rosto que há de
beber a luz, sensual, cativa, grave.
3
a água do espelho cristaliza o sol
na corola de pólen, fulva, igual,
onde o beijo da abelha a vulva crava.
4
uma palavra de água sai da fonte
e, suave, até que olhar o lábio cante,
o rosto reflectido ou outro grava.
5
cantam as águas férteis sobre as pedras
íntimas, vivas, sábias em toadas
de luz e sol, à sombra dos salgueiros.
José Félix
Nenhum comentário:
Postar um comentário