a liturgia dos dias
não
me disseram que os arbustos falam
a linguagem dos gnomos e
que os pássaros desenham, de manhã
sons rondeando as pedras em silêncio.
tudo
isso soube-lo quando a voz de meu pai
voltou a ser o sacrilégio da casa.
na
viagem interrompida caminha
sobre a mobília, na leveza do pó
e nas paredes com fotografias
onde a ausência é um missório
no discurso religioso do tempo.
é
nos gestos mais simples dos meus próprios
gestos, que a presença ausente
se poliniza na liturgia dos dias.
a
palavra, essa, corrompendo a fé
desliza breve nos ouvidos secos
quando apetece a comunhão
no pecado lavado de confidências.
os
duendes, no seu labor, cativam
relíquias suspensas da hera
que abandona as raízes como hóstias
no conforto dos crentes.
josé
félix in a casa submersa
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